Militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) deixaram o Edifício Solaris, no Guarujá, litoral de São Paulo, às 11h30 desta segunda-feira (16), após negociação conduzida por advogados do movimento e a Polícia Militar. Desde as 8h30, o MTST ocupava o tríplex 164-A do condomínio, localizado na cobertura do prédio e atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Construído pela OAS, reformado e reservado a Lula pela empreiteira, o imóvel levou o petista a uma condenação a 12 anos e um mês de prisão pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ex-presidente está preso em Curitiba desde o último dia 7 de abril para cumprir pena.
Liberados pela polícia, os militantes saíram pela portaria principal, cantando: “A verdade é dura, o tríplex não é do Lula”. Cerca de 30 pessoas, segundo a PM, entraram no prédio. Conforme os advogados do movimento, havia cerca de 70 manifestantes no imóvel, além de 80 na rua.
“Eles afirmaram que queriam dar visibilidade à manifestação e que, após a chegada da imprensa, sairiam pacificamente”, afirmou o Capitão Eduardo Luiz da Silva, comandante da 1ª Cia do 21 Batalhão da Polícia Militar.
Representantes legais do MTST e moradores divergem sobre como os militantes entraram no condomínio. “Esse prédio é muito ‘mixuriquinha’, feito de ladrilho de banheiro. É só empurrar a porta e abrir”, afirmou Ramon Koelle, advogado do movimento, sustentando que as pessoas não forçaram a entrada no Solaris.
Moradores afirmam, no entanto, que os manifestantes quebraram o portão eletrônico da garagem para invadir o prédio. “O portão não estava quebrado. Ficou depois que eles o forçaram para entrar”, diz a moradora Renata Simões.
Há divergências também no relato sobre como militantes abriram o tríplex. Após uma vistoria feita pelas polícias Civil e Militar, acompanhada por Renata Simões e um dos advogados do MTST, o movimento liderado pelo pré-candidato à Presidência Guilherme Boulos sustenta que a porta do tríplex estava aberta. “O apartamento está abandonado, mas não detectei sinais de arrombamento. Os manifestantes não levaram nada. Foi um ato pacífico”, declarou o advogado.
A Polícia Militar contesta a versão. “Preliminarmente constatamos a porta arrombada”, afirmou o comandante Eduardo Luiz da Silva. A perícia do imóvel, porém, caberá à Polícia Federal.
Durante a breve ocupação, Boulos, que não estava presente no local, fez transmissões ao vivo sobre o ato em sua conta no Twitter e do Facebook.